Três trabalhadoras da categoria, de três cidades diferentes, atuando em três instituições diferentes. Diferentes vivências, motivações, opiniões... Mas em todas, a mesma garra e a mesma dedicação para atuar com profissionalismo, superar os desafios e conquistar seu espaço no mercado de trabalho.
Neste Mês da Mulher, trazemos os perfis de três mulheres que honram a categoria em Pernambuco - Márcia, Evanice e Flávia. A intenção é, a partir delas, homenagear as milhares de trabalhadoras que diariamente atuam em instituições beneficentes, religiosas e filantrópicas do estado. A todas vocês, nossos parabéns pelo Dia Internacional da Mulher e nosso desejo de um futuro com mais reconhecimento, mais igualdade e mais oportunidades.
Márcia Ferreira
Tem 53 anos, nasceu em Delmiro Gouveia (AL) e formou-se em Ciências Contábeis. Desde 2008, atua na KNH Brasil Nordeste (Kinder not Hilfe) como assessora financeira.
Como chegou até a categoria
Trabalhei para uma multinacional especializada em auditorias e lá conheci o trabalho realizado por ONGs brasileiras. Isso despertou em mim a paixão em atuar na área de responsabilidade social.
Como é trabalhar na categoria
O maior desafio, de modo geral, é a mobilização de recursos – principalmente em um momento de crise como o atual, com recursos escassos para desenvolvimento social. Isso requer profissionais dinâmicos, que enxerguem oportunidades e desafios.
Acredito que as principais qualidades para atuar na área são espírito de amor, solidariedade, responsabilidade com as realidades da nossa sociedade, sobretudo para com os mais vulneráveis. É preciso ser um profissional competitivo para o fortalecimento das ONGs no desenvolvimento de seu papel e assumir o compromisso de contribuir com a mudança sustentável e plena realização de um mundo onde os direitos sejam iguais para todos, sobretudo para os mais vulneráveis e as crianças.
As mulheres na categoria
Penso que a maioria dos trabalhadores são mulheres por qualidades e características pessoais, mais do que profissionais. As mulheres tendem a ser menos competitivas para o mundo comercial e do lucro, e conseguem enxergar grandes oportunidades de fazer a diferença necessária no desenvolvimento sustentável e combate às desigualdades.
Nunca vivenciei nem presenciei uma situação de constrangimento no terceiro setor, mas quando atuei em uma empresa comercial, aos 18 anos, existia muito assédio. Muitos homens não tinham escrúpulo, não respeitavam. Nessas situações eu sempre mantive uma postura ética e profissional, mudava de assunto. Mas não comentava em casa para que meus pais não me pedissem para sair do emprego.
Condição feminina no mercado de trabalho
Acho que hoje é melhor do que há 25 anos, tendo em vista o caminho de reconhecimento dos direitos, da igualdade, os caminhos que temos percorrido nesta luta das mulheres para conquistar seu espaço. Sempre foi uma evolução lenta, e ainda é. E na política, mais ainda. Ainda é muito pequena a participação efetiva das mulheres nos poderes e espaços de decisão. Estamos aos poucos construindo esta participação.
Flávia Virginia Diniz Freire Ferreira
Tem 34 anos, nasceu em Paulista (PE) e é analista de faturamento no Hospital de Câncer de Pernambuco, em Recife. Também é membro do Conselho Fiscal Efetivo do Sintibref-PE há três anos.
Como é trabalhar na categoria
Escolhi essa categoria por ter uma ligação filantrópica e beneficente. Acredito que, para atuar na área, é preciso ter disponibilidade para desenvolver projetos que beneficiem tanto a empresa quanto os funcionários. O desafio é não ficar só no papel, atuando nas áreas regionais e realizando trabalhos preventivos para que a instituição seja reconhecida por todos.
As mulheres na categoria
A área de atuação das mulheres está cada vez mais abrangente, estamos despertando cada vez mais, alcançando nossa independência como mulheres guerreiras, que têm como característica realizarem bem, com excelência, os projetos dos quais participam.
Condição feminina no mercado de trabalho
Eu sou bem crítica nesse assunto porque acredito que a força de capacitação tem o mesmo valor de igualdade, pois tanto homens quanto mulheres tem o seu valor de desenvolver... A diferença é a palavra-chave DISPONIBILIDADE - querer aprender e se colocar em um lugar merecido dentro do mercado de trabalho.
Assédio sempre existiu, eu vivenciei sim. Quando ocorreu comigo, eu soube colocar minhas atitudes em ação, me afastando, mostrando meu lado profissional e exigindo respeito por entender que isso não pode existir. Só queremos reconhecimento das nossas atividades!
Acredito que as mulheres estão se desenvolvendo e crescendo nesse ramo de trabalho pra alcançar independência, respeito e igualdade, mas temos que trabalhar mais pra obter mais igualdade e respeito, afinal somos todos filhos gerados por mulheres nas quais os homens depositaram sua confiança.
Vamos à luta acreditando que unidos somos mais fortes para alcançar o crescimento dentro de cada categoria!
Evanice Maria Alves
Nasceu em Palmares (PE), tem 35 anos e é formada em Letras (Licenciatura Plena). Trabalha há 16 anos no setor administrativo da Diocese de Palmares.
Como chegou até a categoria
Eu era catequista de uma paróquia e quando a secretária que trabalhava lá precisou se ausentar, a comunidade me indicou ao padre. Ele me chamou pra fazer uma experiência, passei no teste e trabalhei lá por seis anos, depois fui transferida pra Cúria Diocesana, onde estou até hoje. Amo trabalhar nessa categoria! Tem seus desafios, claro. Mas é tudo muito tranquilo.
Como é trabalhar na categoria
Primeiramente, é preciso amar e respeitar o próximo – não apenas nessa categoria, mas em todas! Depois, executar o trabalho com muita assiduidade, pontualidade, honestidade... Colocar-se sempre a serviço do outro. Na verdade, é mais que um trabalho, é uma missão!
Também devemos estar sempre atentos a tudo, pois acabamos sendo referência! As pessoas costumam dizer "Eva, aquela que trabalha na Igreja!" E isso meio que pesa um pouco... (risos)
As mulheres na categoria
Assim como eu, que era catequista, fui chamada pra trabalhar, outras mulheres que exercem outras funções na Igreja acabam sendo chamadas também! Acredito que esse seja um dos motivos para uma maior presença de mulheres nessa categoria. Acho que uma das características femininas que prevalecem é a comunicação.
Não vivi nem presenciei situações de assédio na categoria. Mas quando eu trabalhava numa papelaria, vários clientes alisavam as mãos das funcionárias, inclusive as minhas. Ficávamos indignadas com esse tipo de assédio! Nossa patroa dizia que se acontecesse de novo era pra dizer a ela, mas quase todos os dias, com uma ou com outra, o episódio se repetia.
Como vê a condição feminina no mercado de trabalho
Embora muita coisa já tenha mudado, acredito que ainda há muito a melhorar! Mas já evoluímos bastante em relação a isso... Os desafios são muitos! As oportunidades, salários, e direitos ainda não são os mesmos... Infelizmente!